Guerra de diamantes em Angola – SPE vs ENDIAMA


É uma pena; trabalhei na SPE – Sociedade Portuguesa de Empreendimentos SA no início da minha carreira. Nutro ainda pela pela empresa um sentimento híbrido, de gratidão, por me ter introduzido no mundo onde haveria de desenvolver boa parte da minha atividade profissional, e, também, de orgulho, porque a SPE é uma das herdeiras da grande DIAMANG mas também porque muitos dos seus técnicos e colaboradores ousaram ir para Angola nos anos de chumbo, quando mais ninguém se atrevia, ajudando a recolocar de pé na década de 80 a então decadente indústria angolana dos diamantes. É também um sentimento de pena e revolta, porque um importante património nacional (financeiro – a SPE foi salvo erro criada em 1978 com um capital de 50 milhões de dólares, mas sobretudo humano e intelectual) foi desbaratado ao longo dos anos em virtude de sucessivos erros de gestão. Mas a história aqui é outra:

Na realidade, a SPE nada deve à ENDIAMA: o título das notícias de hoje em vários diários nacionais é apenas o resultado de uma guerra jurídica levada à insanidade. Um pedido de indemnização é considerado resposta a outro da parte adversária, uma habilidade a outra habilidade; parece aquela rábula dos Gato Fedorento em que duas velhinhas competem pela título de doença mais grave – um espetáculo ridículo e contraproducente (quer para as empresas, quer para os Estados e accionistas privados envolvidos).

Estas notícias levam a perguntar:

  • Quem ganha com o prolongamento e exacerbação desta guerra?
  • Ao invés de dispender os recursos dos contribuintes portugueses e angolanos em guerras jurídicas, sendo insanáveis as diferenças, inevitável (mesmo se lamentável) o divórcio entre as empresas, não teria sido possível chegar a um acordo de separação justo e amigável? Há tanta oportunidade de desenvolver projetos de prospecção e exploração de diamantes em Angola, que com um mínimo de conhecimento, imaginação e boa vontade, teria sido possível chegar a uma solução aceitável.
  • Naturalmente, seria necessário que do lado angolano houvesse boa-fé e vontade (porque não haveria?) e do nosso lado, o Estado Português encarasse a SPE e a atividade de prospecção e exploração de diamantes em Angola como algo mais que um assunto desagradável, nomeando gestores com algum conhecimento da indústria e, gradualmente, promovesse a reprivatização da companhia.
  • Privatiza-se a TAP; porque permanece o Estado Português (através da SPE) no sector dos diamantes em Angola? Alguém me sabe responder?

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Luís Chambel

Exploration & Research Mining Engineer, MSc Engineering Geology, MBA, PhD European Engineer -EUR ING; Euro Geologist - EURO GEOL

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